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O ego é um problema?



O budismo traz a ideia do caminho do meio como forma de cessar o sofrimento. Nem apego, nem aversão. Isso não significa uma apatia com a vida. É mais como a metáfora da roda: no eixo não sentimos a intensidade dos altos e baixos em comparação com a borda.


No centro, a sensação é de lucidez sobre a brevidade da vida e o quão maravilhosa essa experiência pode ser sem tanta personalidade envolvida… porque essa persona que tanto nos apegamos e construímos, nos condiciona. E pior, é impossível de ser sustentada por muito tempo sendo a impermanência a lei maior.

Mas não é fácil, não é?


A segurança e liberdade parecem pertencer a uma dicotomia da prisão do estático ou da loucura do caos. E nesse ponto, menciono aqui a importância de se ter um ego estruturado. Não dá pra ter saúde mental em dissolução. Custei a compreender isso.

Nossa estrutura egoica deve estar organizada e fortalecida para atender as demandas de um corpo inserido em um meio social manifestando o sopro da alma - desprovido de preferencias. Esse é um paradoxo: o autoconhecimento traz uma segurança de quem somos que nos permite ser o que quisermos em total liberdade e autenticidade. A questão é deixar que a nossa personalidade, tão cheia de definições, seja um pouco mais flexível à condução da vida em seus reveses (que não são poucos).

Sem julgamento, sem comparação, sem censura, mas com moralidade. Clareza no critério de discernimento do certo e errado. Para isso, o Yoga tem como pilar sustentador da pratica os Yamas e Niyamas, princípios que devemos cultivar. Sem eles, podemos até colocar o pé na cabeça, mas fica impossível de acessar o centro.


Sem a não violência, não se desenvolve amorosidade. Sem disciplina, ficamos à mercê da mente condicionada e repetimos padrões. Sem a construção sólida da moral, vem agitação mental, fuga e projeção das próprias sombras, confusão, repetição dos dramas e sofrimento.

Mais difícil que ficar de cabeça para baixo é manter a honestidade, cumprir com o que prometemos (aos outros e à nós mesmos). Lapidar-se diariamente. Complicado não é ficar em silêncio, mas sim ouvir o falatório mental e se envolver, perder-se. O ego tem sua função, importante, mas não é o senhor da casa. Nós não somos nosso ego. A vida humana é experienciada por uma centelha de Consciência, alma, espirito… mediada por essa estrutura psíquica.


Ter um ego fortalecido é um ego com estrutura mapeada. É autoconhecimento e magnetismo saudável. É desenvolver habilidades não só em beneficio próprio. É compreender a importância da partilha e do coletivo, mesmo sendo apenas um. Assim, naturalmente o nosso entorno vai também sendo afetado, e não o contrário, no caso de uma estrutura psíquica frouxa, onde nos deixamos levar, sem opinião, pelas influencias do externo.


Portanto, não somos inimigos nem queremos matar ego. Não condenamos e brigamos com a natureza por termos personalidade e senso de individualidade. Mas aprendemos a conduzir de forma saudável e positiva essa condição (tanto para nós, quanto para o nosso meio) olhando com igual atenção para o fácil e o difícil que nos habita.

A flexibilidade, além do corpo, deve também ocorrer na psique. E como via de mão dupla, praticamos posturas que alongam e fortalecem o corpo, mas também praticamos princípios que flexibilizam e fortalecem nossa estrutura egoica.

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​© 2024 por Paola Alarcon.

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