Cronos e Kairós: reflexões sobre o tempo
- Paola Alarcon
- 28 de mar.
- 2 min de leitura
Sorte é ter muitas coisas de valor ou entender o verdadeiro valor de muitas coisas?

O fato de Kairós só ter cabelo na frente e asas nos pés, faz uma analogia ao caráter instantâneo do tempo: ele só pode ser pego (agarrado pelos cabelos) quando chega para nós.
O “depois” passa.
Uma professora de filosofia certa vez falou das oportunidades serem como Kairós. Quando acontecem, devem logo ser agarradas, pois o tempo de agora nunca acontece depois, assim como o tempo que passa não volta.
“Sorte é estar pronto quando a oportunidade vem.”
(Re)conhecer uma oportunidade é primeiro conhecer aquilo que me é oportuno. Impossível não pensar sobre meditação e atenção plena. Nesse lugar de autocentramento que o Yoga traz. Da disciplina e caminho de ser discípula de mim mesma, e no paralelo, caminhando dentro do código ético e moral que são os pilares do Yoga - Yamas e Nyamas - trazendo a concepção das atitudes básicas perante aos outros e nossa vida para que estejamos nesse lugar de presença, integridade e conhecimento daquilo que vem a propósito, apropriado.
“Nunca foi sorte e sim trabalho duro.”
E que trabalho intenso que é estar “pronta” no momento presente. Consciente de todas as oportunidades que me atravessam e convidam a progredir na caminhada. Ainda que o caminho, o processo da individuação, seja muitas vezes confrontado com um oposto de ideal coletivo do que vem a ser uma pessoa de sorte.
Aquela que tem muitas coisas de valor ou a que entende o valor de muitas coisas em sua vida, sejam elas até mesmo as situações difíceis, relações intensas e lugares desconfortáveis que muitas vezes atravessamos?
Na mitologia o deus tradicional do tempo é Cronos. Um aspecto mais amedrontador - Cronos devora seus filhos - sugere a qualidade linear do tempo: nascer, viver e morrer. E talvez por termos consciência da implacabilidade da morte, seguimos o ritmo de Cronos, temerosos do momento em que seremos devorados. No Yoga chamamos esse medo de Abhinivesa.
Porém, Kairós diz respeito a qualidade do tempo vivido, um tempo de presença que não pode ser mensurado. O tempo de ocasião, além da razão, a estranha coincidencia que nos direciona, a intuição, a sincronicidade.
O tempo de sorte, além da carne, além da morte.
Em que tempo você está? Cronos ou Kairós?
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