Libere a culpa e a má água
- Paola Alarcon
- 17 de set. de 2024
- 2 min de leitura
A mágoa e a culpa são sentimentos profundos que, muitas vezes, carregamos em silêncio. O que nem sempre percebemos é que a culpa pode ser uma forma de mágoa que sentimos de nós mesmos — uma forma de nos ferir continuamente por não sermos perfeitos, um ressentimento. Quando nos culpamos, nos aprisionamos ao passado, revivendo erros e falhas com um olhar crítico e duro. Mas ser humano é ser aprendiz, e os erros fazem parte do nosso caminho. Ao libertar a culpa, não só aliviamos o peso sobre nossos próprios ombros, como também soltamos a mágoa em relação aos outros.
Trocar a culpa por responsabilidade é fundamental. Quando assumimos a responsabilidade pelas situações de dor e desconforto, também assumimos nosso poder criativo: a capacidade de transformar algo “ruim” em uma oportunidade de crescimento. O bom da vida é fluir com suavidade e leveza, permitindo que as experiências, mesmo as difíceis, nos ensinem sem nos prender. Esses sentimentos, como mágoa e culpa, estão conectados com a tristeza — uma emoção que nos sinaliza que algo não vai bem. Quando muito intensa, a tristeza pode evoluir para uma depressão ou nos congelar diante dos fatos, bloqueando nosso movimento natural de transformação, fluidez. Sentir essa tristeza não é errado; pelo contrário, acolhê-la é o primeiro passo para integrá-la.
Sentir alegria, por outro lado, é se permitir esperançar, criar espaço para novas experiências e formas de ser, agora com mais harmonia a partir dos aprendizados que as situações difíceis nos trazem. Tudo é dual. Assim como existem sombras, há luz; assim como a tristeza, há alegria. O equilíbrio está em aceitar essas polaridades e entender que, em meio a tudo, temos o poder de mudança.
A mágoa, como "má água", se comporta como água parada — se não for liberada, pode gerar doenças, tanto emocionais quanto físicas. Esses sentimentos estagnados bloqueiam nosso fluxo interno e nos afastam da leveza e da liberdade. Para evitar que essa "má água" nos adoeça, é fundamental aprendermos a soltá-la, permitindo que flua e siga seu curso natural. Quando nos libertamos da mágoa e da culpa, abrimos espaço para novas experiências mais harmoniosas. O perdão, a autocompaixão e a responsabilidade são os caminhos que nos ajudam a deixar essas águas fluírem, trazendo renovação e cura em nossa caminhada.
A vida é imprevisível e repleta de desafios, e o que realmente importa não são tanto os acontecimentos, mas como reagimos a eles. Sim, cometeremos erros, os outros também, mas estamos aqui para aprender, crescer, e também para fazer coisas boas. Somos capazes de jogar luz nas nossas sombras e de trazer alegria em meio às tristezas. Nossa reação, com compaixão e coragem, é o que nos faz seguir em frente, integrando todas as experiências como parte de um processo maior de autoconhecimento e evolução.


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