Por que mergulhar no inconsciente?
- Paola Alarcon
- 26 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Uma perspectiva junguiana

Uma das grandes divergências entre Freud e Jung na teoria da psique é a visão do inconsciente. Para Freud, essa contra parte da consciência se dá apenas de conteúdos de cunho pessoal, recalcados (sublimados) em função do impacto que podem ter sobre a vida do indivíduo, como os traumas e tudo aquilo que a gente “esquece” pra dar conta de suportar.
Porém, na psicologia analítica de Jung, o inconsciente é uma amálgama feita pelos conteúdos pessoais mas também coletivos. Para ele, o inconsciente vai além dos processos recalcados, não se restringindo somente a biografia pessoal. Apresenta também conteúdos universais, que ele chamou de arquétipos.
Para chegar nessa conclusão, Jung estudou principalmente os mitos de comum conteúdo que transpassam diferentes culturas e gerações. Também observou que esse inconsciente tem uma função compensatória - de autorregulação - e atua de diversas maneiras em nossa vida, como uma forma de equilibrar os extremos que por vezes nossa mente consciente se identifica, cega, polariza e adoece.
Afinal, quem nunca se sentiu “fora de controle” a partir de um vício, relação ou estímulo específico?
O inconsciente pode dar uma compreensão da causa, do “por que” dos nossos problemas, mas também aponta um “para que”.
Na visão da psi junguiana, o inconsciente pode nos dar movimentos de integração, o que ele denominou função transcendente… uma ponte que conecta aquilo que eu já sei, com o que não consigo identificar, mas também é parte de mim, como a sombra.
E aqui, mais uma vez, não envolve só processo e experiência traumática. A sombra pode conter muita riqueza, dons e talentos, ou mesmo diferentes formas de enxergar e lidar com a vida, que ainda são desconhecidas por nós. É fator de soma no autoconhecimento e consequente capacidade de superação diante nossos altos e baixos.
Por fim, o inconsciente não se compreende por linguagem verbal. Para analisar seus conteúdos, como na interpretação dos sonhos, é preciso uma capacidade de abstração -mergulho- em imagem e associações que vão nos parecer, a princípio, desconexas. Mas, quando investigas e contextualizas, irão apresentar sentido e direcionamento.

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