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Uma visão junguiana do mito cristão na saúde mental coletiva

Atualizado: 14 de jun. de 2023


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Jung fala que precisamos todos de um mito para uma psique saudável. E o mito do cristianismo, Deus pai todo poderoso, não tá funcionando muito bem na modernidade (haja visto a situação de saúde mental em que nos encontramos todos).


Então, qual a problemática com o mito atual?


Primeiro que ele não inclui a mulher no seu aspecto forte, Lilith, levando pra fogueira ainda as que ousam questionar o papel de Eva imaculada. Isso por si só já traz o patriarcado pra conversa e se desdobra em um intenso sofrimento feminino.


Mas, além disso, outra questão desse mito é que ele não se entende muito bem com a matéria. Ou é pecado e deve ser renunciada, ou é endeusada e cultuada, a fixação pela suposta segurança que os bens materiais trazem.


[Não à toa, o arcano do Diabo no tarot, tem uma simbologia que geralmente aponta para os aprisionamentos que muitos dos nossos desejos criam, e no entanto, quando a questão a ser analisada envolve dinheiro, essa carta tende a indicar um bom caminho na leitura]


E, por falar em Diabo, o terceiro ponto sobre o mito cristão é sua relação com a sombra. Negamos as trevas. E aqui cabe mencionar Lúcifer, o portador da Luz, um anjo que errou o caminho e acabou “se perdendo em pecados” na cobiça pelo poder.


Não trazemos luz para nossos lugares mais fundos, feios e difíceis porque não queremos ver. A gente não dá conta e pega um atalho. Arruma um vício, toma medicação sem tratamento terapêutico, se distrai e se amortece.


Jung relatou que ao visitar uma aldeia de índios nativos, disseram a ele que o homem branco era louco em pensar com a cabeça e não com o coração. Os nativos disseram que todos os dias era um dever para a tribo ajudar o Sol a se levantar e cruzar o céu.


Essa crença atravessou Jung. Ao invés de reclamar e pedir ajuda aos céus, aqueles seres eram agentes ativos do Cosmos. Eram criação e criadores.


E nós somos isso. O processo alquímico de transformar chumbo em ouro no autoconhecimento é trilhar um caminho único de constante lapidação. Não tem como dar errado acreditar em si mesmo. Mas tem que ter coragem e entrega ao invés de expectativas, confiança, inabalável, em si e no processo.

 
 
 

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