Intuição e a roda da fortuna
- Paola Alarcon
- 8 de nov.
- 3 min de leitura
Você já teve aquela sensação súbita, quase inexplicável, de que precisava fazer algo? Ligar pra alguém de repente, ir a um lugar específico, ou procurar uma comida que você nem lembrava que existia?

Pois é. A gente costuma chamar isso de intuição.E na Psicologia Analítica do Jung, a intuição é muito mais do que um “palpite”.
Jung dizia que nós percebemos o mundo por quatro funções principais: sensação, pensamento, sentimento e intuição.
A sensação percebe o que é concreto.
O pensamento organiza e explica.
O sentimento avalia o que tem valor.
Mas a intuição… a intuição percebe o que está por trás das coisas.
Ela capta possibilidades, caminhos, direções, antes de tudo ficar claro para a mente racional. É como se o nosso inconsciente estivesse nos enviando uma mensagem — uma seta indicando o caminho — antes da gente conseguir justificar o porquê.
Por exemplo:
Eu lembro de uma história em que a pessoa sentiu uma vontade absurda de ir a um supermercado específico, distante, só pra comprar um prato que nem era tão importante. Chegando lá, na fila do caixa, ela encontrou alguém que acabou ajudando a transformar completamente sua vida profissional.Uma decisão aparentemente boba… que mudou tudo. E quase não aconteceu.
Jung dizia que quando ignoramos a intuição, ignoramos algo vivo dentro de nós — o inconsciente tentando participar da vida consciente. E essa dinâmica também está muito presente na Roda da Fortuna, no Tarot. Esse arcano fala de movimento, ciclos que giram, mudanças que chegam. Quase sempre trazendo bons ventos, novas oportunidades… mas também lembrando que a vida é feita de altos e baixos — um fluxo constante.
A Roda fala de destino, mas não no sentido de algo fixo. Ela fala de karma, da colheita: Se você plantou, você colhe. Se você está conectado à sua intuição, pode confiar nos movimentos que racionalmente não fazem sentido. Tomar o risco.
Mas a Roda não gira só na luz — ela gira também na sombra. E parte do nosso crescimento é integrar esses opostos. Entender que mudança não é perda — é processo. Então, quando aquele impulso vier aquela voz sutil… Aquele chamado que ninguém entende, mas você sente… Reconheça. Respire. Escute.
A vida está se movendo. E às vezes a sua única tarefa é acompanhar o giro. Mas lembra de tomar cuidado com a polaridade, os extremos. Se você conseguir se manter no eixo da roda da vida, os altos e baixos são sentidos com menos intensidade se comparado com as extremidades.
O Arcano 10 também traz um símbolo numérico importante: 1 + 0. O 1 é o impulso inicial, a semente, o começo. O 0 é o potencial absoluto, o vazio criativo, o ponto antes da forma. Quando eles se encontram, formam o 10, que representa o fim de um ciclo completo. A Roda da Fortuna é o momento em que chegamos ao ápice, ao cume da montanha — mas é justamente ali, no topo, que a descida começa. Não como queda, mas como continuidade. Ciclos se completam para que novos ciclos possam nascer. É o ponto onde a vida diz: você chegou… e agora pode ir além. O movimento de evolução é cíclico mas sempre em diferentes oitavas, feito em espiral. Ciclos se completam para que novos possam nascer. Aceite o fim para o novo receber.


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