Muladhara: uma visão transpessoal do primeiro chakra

Muladhara, o primeiro chakra, é a estrutura. A vida antes da Vida. O corpo - cheio das suas necessidades, denso. Corresponde ao elemento terra. Moola em sânscrito, é raiz, sustentação. Morada da Kundalini, essa serpente que representa bem o papel da libido em sua concepção de desejo, vontade - aquilo que movimenta a gente - mas num estado dormente, sem consciência do seu poder.

Muladhara é o cotidiano. É o signo de Virgem. É rotina, trabalho, dinheiro e saúde. Gerenciamento de vitalidade, sono e fome, fixação daquilo que atrai os olhos, apego - assim sendo também signo de Touro. É também supra-renais, estresse, comportamento de luta e fuga. Vontade de viver, sentir-se pertencente. Realizar e manifestar - mas também endurecer e enrijecer como signo de Capricórnio.

Muladhara é muitas vezes aquilo que entorpece, anestesia, paralisa, diante o medo - sua principal somatização quando em bloqueio. E é ponto de partida, o que pluga a gente com essa Mãe Terra. Pé descalço na grama descarrega e equilibra esse canal.

Muladhara tem como animal regente um elefante, imagem de firmeza e força. Mas ainda servente, como o camelo de zaratustra. Na condição de existir sem questionar.

Muladhara é a caverna, antecede o estado desperto, mas não pode, de maneira alguma, ser subestimado porque é nele que a vida acontece.

O medo de fora é só uma projeção do medo de dentro. E te provoco: tem medo de que, se a serpente já habita dentro de você?

Acordar a cobra, sair da caverna, assim como no mito, envolve dedicação, envolve querer. Mas como já diria a música:

“A rebeldia faz a mente duvidar, e essa dúvida é que faz você sofrer. E só você pode fazer isso mudar, mas é preciso estar cansado de sofrer. Reconhecer que é preciso trabalhar, prestar a atenção para poder perceber, pra progredir é preciso se firmar, ter humildade para poder receber. E se abrir para o que é novo penetrar. O que é verdade pode então prevalecer. E no silêncio ela começa a germinar. E é na pureza que ela vai desenvolver.” - É preciso se firmar, Fernando Beltran