Yoga e Propriocepção

Não seria útil um espelho nas práticas de Yoga para o aluno perceber sozinho seu alinhamento? Pensei eu, no início do meu caminho de yogini.

Com o tempo e a formação percebi que não. Porque a prática de Yoga propõe justamente esse direcionamento dos sentidos (incluindo a visão) para o lado de dentro, pratyahara em sânscrito, focando totalmente na respiração, sensações do corpo e propriocepção.

Propriocepção? Podemos substituir esse termo pela inteligência do corpo. E qualquer tipo de inteligência podemos desenvolver com estudo e prática. Por isso o Yoga é para todos e todas.

Essa inteligência que vamos conquistando durante um período de prática consistente tapas resulta na capacidade de reconhecer a localização espacial do corpo, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a manutenção do equilíbrio postural e a realização de diversas atividades práticas, além de prevenir e ajudar no tratamento de lesões. Resulta da interação das fibras musculares que trabalham para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno.

Então, o espelho acaba por ser uma distração que puxa a gente pra fora.

E mais! Encaixar as posturas a partir de uma referência externa (imagem) também pode tornar-se perigoso uma vez que podemos forçar o corpo por caminhos pelos quais ele ainda não está preparado.

Já falei aqui sobre os kramas (posturas ou asanas em sequência que trabalham o corpo para um asana final específico) e como eles são importantes para que o corpo vá fluindo e avançando de forma orgânica.

Portanto, vale ressaltar a importância de uma profissional da área para conduzir a prática com segurança e alinhamento através dos ajustes táteis e por comando de voz, dando ênfase para músculos ou regiões específicas do corpo em movimentos que trabalhem o encaixe com suavidade.